CONHECENDO E PRATICANDO: PINTURA EM TELA E DESCOBRINDO TALENTOS NA
ESCOLA 2013
A pintura
é realizada sobre uma superfície plana. A tela é o suporte mais utilizado na
pintura desde o século XV. A pintura acompanha o homem desde a pré-história até
os dias de hoje. O artista cria sua obra a partir de vários elementos como
as cores, os tons, a textura, as linha, a direção, as formas, o ritmo, o
movimento, as dimensões, à proporção que são os elementos da linguagem da arte.
Conforme
PCNs 1997: A educação visual deve considerar
a complexidade de uma propostaa educacional que leve em conta as possibilidades
e os modos de os alunos transformarem seus conhecimentos em arte, ou seja, o
modo de como aprendem, criem e se desenvolvem na área.(PCNs Arte vol.6, 1997.pag.61).
Ainda com esta visão
o físico e educador da USP, Luis Carlos Menezes,
publicou na coluna PENSE NISSO da revista nova escola de abril de 2012, um texto onde realta que: “Tanto quanto as ciências e as demais cultura, a arte se aprende praticando, compreendendo e apreciando”.
O conhecimento da Arte é uma necessidade entre os alunos dos alunos, sabendo-se que ela norteia as diversas disciplinas ministradas nessa modalidade de ensino.
E no ano de 2013 comemoramos o centenário de nascimento do eclético Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes, no último dia 19 de outubro, que renova a tez músico-literal da mais alegre e lírica dupla desde o berço da MPB: Toquinho e Vinícius.
Foi nesse sentindo que o projeto de pintura se inspirou nas poesias e musicas de Vinicius de morais, onde cada aluno pode escolher uma poesia ou poema e o transformá-lo em tela. O objetivo foi fazer o educando a refletir sobre a aprendizagem da mesma na educação, devendo se dar por acesa a imaginação.
Além de sensibilizá-lo para o significado de meio da valorização do processo criativo, agindo consequentemente como fator complementar para o crescimento humano e mantendo Arte, que não é só enfeitar. Nela encontramos valores políticos, morais e religiosos. É um caminho para se estabelecer diálogo com o mundo de grandes nomes diferentes épocas.
Vejamos algumas fotos e poemas que os alunos pintaram e analisaram.
poesias.......
Paisagem- Vinicius de Moraes
Subi a alta colina
Para encontrar a tarde
Entre os rios cativos
A sombra sepultava o silêncio.
Assim entrei no pensamento
Da morte minha amiga
Ao pé da grande montanha
Do outro lado do poente.
Como tudo nesse momento
Me pareceu plácido e sem memória
Foi quando de repente uma menina
De vermelho surgiu no vale correndo, correndo…
A Hora Íntima
Vinicius de Moraes
No último dia 09 de julho de
2000 completamos 20 anos sem a presença física do "Poetinha". E se
assim digo é porque sua obra está cada vez mais viva entre nós. A ele o
Releituras presta suas homenagens, lembrando um pedacinho da música com a qual
foi saudado por Chico Buarque de Holanda e Toquinho: "A vida é pra valer,
a vida é pra levar, Vinicius, velho, Saravá!".
Quem
pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: — Nunca fez mal...
Quem, bêbado, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: — Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: — Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançara um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: — Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: — Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Rio, 1950
A partida
Vinicius de Moraes
Quero ir-me embora pra estrela
Que vi luzindo no céu
Na várzea do setestrelo.
Sairei de casa à tarde
Na hora crepuscular
Em minha rua deserta
Nem uma janela aberta
Ninguém para me espiar
De vivo verei apenas
Duas mulheres serenas
Me acenando devagar.
Será meu corpo sozinho
Que há de me acompanhar
Que a alma estará vagando
Entre os amigos, num bar.
Ninguém ficará chorando
Que mãe já não terei mais
E a mulher que outrora tinha
Mais que ser minha mulher
É mãe de uma filha minha.
Irei embora sozinho
Sem angústia nem pesar
Antes contente da vida
Que não pedi, tão sofrida
Mas não perdi por ganhar.
Verei a cidade morta
Ir ficando para trás
E em frente se abrirem campos
Em flores e pirilampos
Como a miragem de tantos
Que tremeluzem no alto.
Num ponto qualquer da treva
Um vento me envolverá
Sentirei a voz molhada
Da noite que vem do mar
Chegar-me-ão falas tristes
Como a querer me entristar
Mas não serei mais lembrança
Nada me surpreenderá:
Passarei lúcido e frio
Compreensivo e singular
Como um cadáver num rio
E quando, de algum lugar
Chegar-me o apelo vazio
De uma mulher a chorar
Só então me voltarei
Mas nem adeus lhe darei
No oco raio estelar
Libertado subirei.
e outras mais.............